quarta-feira, 27 de junho de 2007

O """"""""""""""Título Mundial""""""""""""""" do Corinthians



PRIMEIRO: Um time como o Corinthians não precisa mendigar um mundial. Ele é bom, como muitos outros, mas não precisa forçar a barra pra isso.

Acho que não é segredo pra ninguém que eu me decepcionei com o futebol por volta de dois mil e poucos. Mentiras, roubalheiras, mortes, brigas e torcedores chatos que interpretam a verdade como um pastor da universal interpreta a bíblia. De vez em quando, ainda tenho uns piques pra discutir sobre o assunto, como foi o caso de hoje. Assim que li o comentário do Craudio no blog dele tive que retrucar. Vejam o histórico e opinem.


Mensagem no brog do cráudio:
"Toyota é uma coisa, mundial é outra...
“O dia em que a empresa Toyota deixar de patrocinar os principais eventos das Confederações regionais e da FIFA, o tal título da Copa Toyota, competição entre os campeões da América e da Europa, que por anos se disputou em Tóquio, esses títulos tão festejados desaparecerão do sítio da FIFA como entraram, sem explicação e sem pudor.”"



Fala sério Cláudio, vai chamar aquele campeonatinho biônico vagabundo de mundial? É tirar sarro com a minha cara!! E outra, o indicado da Conmebol, deveria ser o palmeiras - campeão de 1999 - e não o Vasco!!
E outra: como ganhar um mundial sem ganhar a libertadores?
Percebe como é incongruente falar que em 2000 o Corinthians foi o melhor do mundo e o boca o melhor das américas?
Só o fato de ser um campeonato discutível já tira o brilho desse titulozinho FAJUTO!!!!
só pra ilustrar
Ano de 2000...
Assim que Zé Elias desembarcou no Brasil pra passar férias, o Edílson
veio recebê-lo, ansioso pra contar as novidades.
Percebendo o nervosismo do amigo, Zé Elias perguntou:
- Que foi Edílson? Porque você tá tão ansioso?!
- O Timão foi campeão mundial - respondeu o capetinha
- Campeão mundial?! Quando foi ?
Surpreso com a desinformação do outro, que chegava da Europa, ele
respondeu indignado:
- No começo do ano Zé! Você não sabia?
- Não! Na Europa nada foi noticiado. Mas foi em Tóquio?
- Aqui no Brasil - disse Edílson, meio constrangido.
- E qual time europeu que o nosso "Timão eô" enfrentou na final, hein?
- Na final, bem... O Vasco...
- Vasco??? Mas parece final de Campeonato Brasileiro! Quem marcou os gols na decisão?
- Bem... Na verdade não teve gol. Foi nos pênaltis. E ainda tivemos
sorte pois o Edmundo chutou pra fora!
- Mas o Timão não enfrentou nenhum time europeu pra chegar na final?
- Lógico! O poderoso Real Madrid!
- E de quanto ganhamos???
- Bem... Não ganhamos... empatamos.
- Mas então o Timão não ganhou nenhum jogo??
- Claro Ganhamos do Al Nassr, um time da Arábia Saudita. Mas também
tivemos sorte neste jogo pois o juizão colaborou e deu um gol
inexistente pro Timão...
- Então o Corinthians foi campeão do mundo no Brasil, contra o Vasco,
e nos pênaltis??
- Ok, mas como ganhamos a Libertadores? Pra participar do Mundial tivemos que ganhar a Libertadores, certo?
- Não. Nós fomos convidados como representantes do país-sede.
- Mas quem convidou, a FIFA?
- Mais ou menos: o torneio é da FIFA, mas quem organizou foi a
TRAFFIC.
- Traffic? Que?
- É uma empresa de marketing esportivo ligada a TV Bandeirantes e ao Luciano Do Valle...
- Então, deixa eu ver se entendi: o Corinthians foi campeão do mundo
no Brasil, contra o Vasco, sem marcar gols, sem vencer nenhum time
europeu ou sul-americano, classificando-se para a final com um gol roubado e sem ter conquistado a Libertadores...?

PS: Cráudio, pela sua lógica, quem foi o campeão de 2001? e 2002? e 2003? e 2004? e 2005? e 2006? e quem vc acha que vai ser o de 2007?

terça-feira, 26 de junho de 2007

Cadeira de chefe


Retirado de http://www.abobra.blogger.com.br/2004_02_01_archive.html



A Cadeira de Couro

baseado em fatos reais


- Eles vão lhe dar um presente, quando anunciar sua promoção. Não aceite. Eu só posso dizer isso. Não aceite, em hipótese nenhuma !


As últimas palavras de seu pai Constantino, ficaram marcadas em seu pensamento, foi o último conselho dado segundos antes de falecer sobre o seu leito no hospital. Constantino era um dos sócios da Aveltron Telecomunicações, seu filho herdara a mesma garra nos negócios utilizada por seu pai durante os 50 anos que trabalhou na empresa. Seu pai tinha uma faro para oportunidades, uma alma empreendedora, um guru na gestão de novos produtos, graças a Constantino, a Aveltron era uma das maiores empresas na área de soluções em Telecomunicações na década de 80 e seu filho carregava agora sozinho, essa carga de responsabilidades. A missão de tirar a Aveltron na eminente falência.


Chegou o dia da tal promoção exatamente 10 anos depois do falecimento de seu pai, durante todo esse tempo Frederico trabalhando em cargos de pouca importância , viu a empresa que seu pai construíra se fragmentar aos poucos, todos os dias nesses anos, sem poder fazer nada para reverter o quadro decadente. Estavam todos na suntuosa sala de reuniões, todos os executivos da empresa a espera de Frederico. As palavras de seu pai gritavam em sua mente enquanto ele entrava no recinto: "Não aceite o presente. Não aceite o presente". A sala era ampla e suas janelas davam de frente para o oceano Pacífico , nada comparado as outras pequenas janelas distribuídas em outras repartições da empresa, onde os funcionários menos remunerados tinham que se contentar com a vista poluída de prédios onde os raios solares raramente davam a graça. Mas na ala sul do edifício onde ficavam as salas dos executivos e da presidência, foram projetadas com grandes janelas panorâmicas bem iluminadas pelo sol e uma da melhores vistas da cidade. Podia se ver toda praia de Balinu com o sol refletido sobre o mar, as garotas com seus trajes de banhos e surfistas brincando em suas ondas colossais. Podia ficar horas e mais horas contemplando sua paisagem, mas tal benefício eram guardados apenas pelos endiheirados da Aveltron.


Dentro da sala, havia uma grande mesa de reunião de madeira nobre e as paredes eram forradas com quadros de seus antigos presidentes. Eram 15 sócios presentes na reunião , contando o presidente e seu vice-presidente. Em outra cadeira distante, uma secratária executiva e dois copeiros de uniforme que traziam de café até as mais caras bebidas. Todos os sócios com seus ternos caríssimos de grifes francesas e italianas, mantinham uma pose fria, todos tinham carros importados e vagas reservadas no estacionamento para seus carros de luxo. Mas nas suas caras, se via olhares de desespero, porque a Aveltron estava mal das pernas e acreditavam que Frederico carregava consigo uma solução para reverter o delicado processo. O Presidente acreditava que o espírito de Constantino estava agora com seu filho. E estava mesmo.


- Frederico, como foi desejo de seu pai, até que você adquirisse maturidade e pelo destaque que vem tendo entre os funcionários da Aveltron, decidimos lhe entregar o cargo de Diretor Executivo da empresa. Como é conhecimento de todos, a empresa está perdendo mercado para os concorrentes. Infelizmente não estamos conseguindo desenvolver um produto de qualidade, estamos lhe entregando todos os poderes para nos ajudar reverter esse processo de decadência em nossa empresa. Faça o que for preciso. - disse o presidente


Frederico fez um discurso breve de agradecimentos, tentando levantar a moral dos executivos. Foi aplaudido de pé com suas palavras, alguns até soltaram lágrimas quando o filho usou as palavras do pai


- Meu pai dizia, "Use a sua percepção. Olhe e análise tudo ao seu redor. Utilize da criatividade e as coisas acontecerão"


Foi aplaudido novamente. Parecia que ali na frente deles estava o velho Constantino. Então o presidente disse:


- Como é uma tradição na Aveltron, sempre que promovemos um novo executivo, lhe damos de presente uma cadeira de couro, para usar em sua nova sala. - a secretária veio então arrastando pelas rodinhas cromadas a formidável e suntuosa cadeira de couro. Tinha um encosto para a cabeça e apoio acolchoado para os braços, toda preta do mais caro revestimento. - Essa cadeira representa agora o poder que você tem na Aveltron.


Frederico olhou para a cadeira, e seu coração batia forte. Era o trono da soberba, da desgraça corporativa, aquela cadeira de couro era o símbolo da destruição da Aveltron.


- Não posso aceitar essa cadeira. Essa é a minha primeira atitude como Diretor Executivo da Aveltron.

- Deixa de ser bobo Frederico. É só uma tradição. - disse um outro executivo

- Existe algumas coisas que tem que ser mudadas na Aveltron. Prefiro minha cadeira de digitador.


As palavras de Frederico, fizeram os executivos suarem frio. Pensavam: "Seria ele um anarquista ? Como ousa quebrar uma das mais antigas tradições da empresa ? O presidente sem palavras, mandou a secretária recolher a cadeira, ele mesmo fora amigo e confidente de Constantino, parecia que o próprio estava ali a sua frente, incorporado no próprio filho, criando polêmicas e levantando discussões.


- E mais uma coisa. Não quero que minha sala tenha paredes e portas maciças de madeira, quero que as pessoas me vejam lá dentro. - falou olhando nos olhos de todos que ali estavam


Todos riram de Frederico, não acreditando em suas palavras. Mas ele continuo sério e inquieto. E foi isso que aconteceu, as paredes de sua sala foram trocadas por paredes de vidro, onde todos no andar podiam ver a claridade do sol que vinha por trás de Frederico, e o mar que repousava no horizonte. A popularidade dele entre os funcionários ficou calorosa. Um dia ele fretou vários ônibus num horário de trabalho e levou todos para uma seção fechada de uma sala de cinema no meio da tarde de serviço. Os executivos ficaram furiosos, e suas reclamações foram levadas ao presidente, que não deu importância. Todas as semanas seguintes algo de novo na empresa, um almoço improvisado num parque, pizzas no fim de tarde, café de manhã dentro da empresa. Então um grupo de executivos veio a sala do presidente vociferando acusações:


- Presidente, o Frederico está utilizando nossas reservas monetárias para alimentar a algazarra entre os funcionários. As sextas-feiras ele tem vindo de bermuda e chinelo para a empresa. E alguns funcionários antes que usavam trajes sociais, agora andam pelos corredores com as mesmas roupas que se usa quando vão aos supermercados ou parques. ¿ gritou um


- E esses gastos extras com atividades fora do escritório que agora são semanais ? Nossos contratados perdem horas em atividades recreativas, onde poderiam estar na empresa produzindo. E o pior, fui informado de funcionários que estão trabalhando em casa, para ficarem perto dos filhos. - gritou outro


- Se o senhor não tomar uma providência , não conseguiremos sair desse buraco que nos cerca. - concluiu outro


O presidente paciente ouviu todas as reclamações e depois calmamente falou:


- Entendam ! Ele consegui enxergar a raiz de nossos problemas. Durante todos esses anos tratamos o funcionário como uma ferramenta mecânica. Ele está provando que nosso maior bem é nosso funcionário, se não o tratamos bem, então nossos produtos não são tratados com o devido carinho. - então levantou de sua cadeira e disse com determinação - Senhores, a empresa está mudando, e o reflexo disso está nas vendas que aumentaram 20 % nos últimos meses.


Todos os executivos colocaram paredes de vidros em suas salas, todos os funcionários tinham acesso a informações apenas reservados as gerências. Foi dado cotas de ações da empresa para todos os funcionários, independente da hierarquia. Quando a empresa tinham ganhos acima das metas, então era repartido entre todos. Os executivos, diretores e gerentes perderam as vagas reservadas no estacionamento, agora eles eram tratados com o mesmo nível que era dispensado ao colega de menor hierarquia. Aquela enorme e suntuosa sala de reunião, apenas utilizada pelos figurões da empresa, foi transformado em uma sala de jogos e bate-papo. Os copeiros agora ofereciam café, chás e pães aos funcionários que no intervalo de suas atividades relaxavam sobre as cadeiras de couro distribuídas perto das enormes janelas que traziam toda a claridade e formosura do Pacífico banhando as praias de Balinu.


Frederico então conseguiu o cargo de seu pai. Foi convidado a ser presidente da Aveltron, que voltará a ser uma das gigantes no seu setor de atuação, graças a funcionários estimulados e valorizados.

Whisky

Whisky, como já dizia Vinicius, é o melhor amigo do homem. É uma espécie de cachorro engarrafado.

E é tb, uma amigo muito caro (nos dois sentidos).

Tomara que daqui a algum tempo os cientistas achem uma vantagem pra quem toma whisky todo dia, que nem fizeram com o vinho e a cerveja.

Andrew Bird


Alguém aí já ouviu Andrew Bird? Pois é, então dá uma olhada nessa música que peguei no música social. Se Chama Oh sister, gostei e é sensacional!!

Abraço!!

domingo, 17 de junho de 2007

quinta-feira, 14 de junho de 2007


Meus queridos amigos, colegas e poucos leitores:


peço desculpas pela falta de postagens aqui, ocorre que tenho trabalhado e viajado como louco, e 15 minutos a mais de sono começam a fazer diferença.


Gostaria só de registrar a honra do comentário do gênio do humor Thiagones no meu humilde blog, e falar pra ele que descobri o blog dele através do excelente blog do Craudio, que está linkado no meu inclusive.


No mais é mandar um abraço pra todos e dizer que apesar de sumido pretendo aparecer assim que tiver tempo para escrever uma coisa decente.


Abraços a todos!!

ps: tirinha retidada do site de humor jacarébanguela.com

ps2: a partir de domingo, como sempre, estarei viajando. Dessa vez para a inédita Porto Velho, em Rondônia.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

PALA

Eu recomendo demais ao programa que o Craudim postou no blog dele, da UNBtv. Ri pra caramba, o apresentador realmente se supera, e as limitações técnicas o levam a ser criaivo pra caramba.
Então deixem de ser moles e acessem o link lá, aproveitem e dêem uma visitinha pra ele, que está todo mês se superando nos números.
O link está no fundo do Blog!!

PAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAALA

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Telefones e preferências


Hoje pensei em uma coisa e fiquei "peispléxico":


As pessoas dão preferência ao telefone do que as pessoas que estão do lado delas. Pode perceber, geralmente quando você não vê uma pessoa a um tempão, e então se encontra com ela por acaso, ou mesmo combina de sair; é dito e feito: a preferência vai ser do celular. Sempre que ele tocar, você pode estar no melhor do papo que não tem conversa: ela vai atender e possivelmente passar um bom tempo papeando e dando a preferência para quem não está ao lado.


É claro que existem várias desculpas para isso:


- Se fosse você eu faria o mesmo.

- É uma coisa muito importante.

- Estava esperando uma ligação.

- É rapidinho.

- Vou atender porque pode ser uma emergência.

...


Mas até as desculpas sinceras, nunca passam de desculpas.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

A gordinha Carente - por Mário Prata


ROSA GAÚCHA, cronista social (Sorocaba, 1998)
Gordinhos, gordinhas, estressados e estressadas, quando se dirigem ao spa São Pedro em Sorocaba sempre dão uma paradinha no Tigrão. Tigrão é um posto, do lado direito de quem vai. Restaurante farto, bebidas visíveis, colesterol à vista e a prazo. É ali que eles e elas entram e se enchem, prevendo as futuras 300 calorias, as cetoses e as boboses que se avizinham. É ali que elas e eles se reabastecem, enchem o tanque e pedem perdão a São Pedro.
Foi ali que o fato se deu. E eu, como sempre, estava lá.
Ela, além de viciada em comida, era viciada em spa. Lá ia ela, dia desses. Tigrão. Ela estava de licença no spa. Depois de um mês, tivera dois dias em São Paulo. Estava voltando. Já havia emagrecido dez quilos. Já era bastante, pra quem precisava ainda perder uns 30.
Ela encheu a cara e a barriga e ainda pegou uns bis para matar nos quilômetros finais. Foi quando se dirigia para o caixa que ela ouviu. Ouviu nitidamente. O assovio. Aquele que os homens fazem quando passa uma mulher gostosa. Fiu-fiiiiu. Estática, seu olho girou 180 graus. Não havia dúvida. A coisa era com ela.
Aquilo foi uma injeção de cinco mil calorias no ego dela, no superego e até no alter ego. Há quanto tempo ela não sentia aquela sensação de tesão subindo pelo seu corpo num frenesi? Vinte e cinco anos? Mais? Ficou ali, estática, parada no contrapé da felicidade. Tentou dar um passo e, de novo, o assovio. Ela precisava ver quem era, senão não tinha graça. Virou-se graciosamente, com o maior charme possível que a sua cinturinha permitia. Olhou em volta. Nada. Onde estava o galanteador?
Deu mais um passo. Fiu-fiiiiiu, de novo. Foi andando na direção de um macaco-boneco de uns 30 centímetros. Quanto mais ela se aproximava, mais o macaco assoviava. Era o macaco seu amante já imaginário e com milhares de planos e sacanagens na cabeça.
Era isso. Um boneco. A primeira idéia foi pegar o macaco, arrancar a pilha dele, jogar no chão, pisar seus gordinhos pés em cima dele. Mas resolveu esquecer. Afinal, ninguém havia notado seus 15 segundos de fama. Cabeça e estima baixas, já estava no carro quando resolveu voltar. Comprou o macaco.
Na estrada, depois de dar o nome de Castanho ao macaco e ficar passando a mão na frente da boca dele para ouvir, ia feliz. A pilha era duracel, ia durar muito.
No spa, instalou o Castanho em cima da televisão, numa posição estrategicamente estimulante. Ia ao banheiro, o macaco Castanho assoviava. Voltava, fiu-fiiiiiu. Levantava, tava lá. Seu cooper dentro do quarto passou a ser todo dedicado ao Castanho. Já sabia a que distância tinha que sé aproximar para provocar a libido do macaquinho.
De noite, quebrou a solidão com um maravilhoso strip-tease para ele. Só para ele. O Castanho não dizia nada, nem mexia os olhinhos, ouvindo "Summertime". Só assoviava. Cada peça de roupa tirada era jogada na direção do bichinho. O bichinho não falhava. Ela foi se entusiasmando e, nua, fez coisas que não fazia há muito, mas muito tempo mesmo.
A notícia do macaco Castanho logo tomou conta do spa. Gordinhas (e até uma bicha gordinha) queriam comprar o levantador de baixa estima. Pensou-se em aluguel, em rodízio, em consignação. Mas ela não abria mão. Chegaram a oferecer dois bagos de uva e dois palitinhos de cenoura pelo uso e abuso do animal. Mas ela queria o danado só para ela.
Foi quando a doutora Aída, psicóloga do local, conseguiu convencer nossa heroína — sabe-se lá como — de que o Castanho era fundamental para o spa. Que ela deveria dividir seu prazer com as colegas de polegadas a mais. Ela concordou, mas com uma condição. Tudo bem, mas só uma vez por semana e tinha que ser coletivo.
O dia escolhido foi domingo à noite. Ela colocou seu amado amante em cima do balcão do bar do restaurante e foi então que começou a orgia. Todas as gordinhas entravam — muito bem vestidas, algumas decotadíssimas — e iam pra frente do balcão.
Fellini morreu sem imaginar a cena. Calígula morreria de inveja. Uma a uma e depois duas a duas, três a três, desfilavam seu corpo diante do Castanho, que parecia entender o coração de cada uma delas. E não negava fogo.
Depois de umas duas horas daquela desenfreada sacanagem, o assovio foi ficando fraco, fraco. A pilha está acabando! Minha ceia por uma pilha! Meu almoço por uma pilha!, gritou uma. Dou cinco sobremesas por uma pilha! Mas era domingo de noite, não tinha pilha. Trinta gordinhas (e a bichinha), amontoadas e ajoelhadas pediam para Castanho não parar, pelo amor de Deus.
Mas o macaco Castanho estava cansado. Não estava programado para tantas e boas meninas.
Mesmo assim o spa dormiu feliz sabendo que, no dia seguinte, ia ter mais pilha.

Mais uma do Prata

JAIR MARI, psiquiatra (São Paulo, 1993)

Sentei-me na poltrona. Nego-me ao divã. Jamais me deitarei num divã, de costas para o homem. E começamos aquele lero-lero de louco para louco.
O consultório dele fica num 12º. andar, com uma vista bonita lá para os lados do Ibirapuera. Já havíamos tocado naqueles pontos básicos do pânico, como a mãe da gente (qual é a mãe que não deixa a gente em pânico?), dos filhos da gente (filho adolescente dá pânico, sim) e da namorada (é sempre um panicozinho), quando eu observei, pela janela, do outro lado da rua (provavelmente na Doutor Bacelar), uma moça que acabava de acordar e estava, sumariamente vestida, na varanda do seu (suponho) também 12º. andar.
Dava para ver bem o jeitão (jeitinho) dela. Pouco mais de 20 anos, se tanto. Loira, cabelos compridos onde ela teimava em passar um pente branco e grosso diante do vento quente daquela manhã.
O doutor fazendo explanações sobre os meus problemas e eu, alheio, olhando pela janela, resmungava uns sins e uns nãos, quando não passava de hum-hum. Foi quando ele pediu que eu falasse da minha relação com não sei mais quem, que eu vejo que surge outra moça na sacada. Devem ser irmãs, pensei.
A segunda irmã era ainda melhor. Shortinho, joelho carnudo, firme e, para minha maior excitação, mordia uma suculenta banana. Devem ser estudantes de medicina da Paulista. Devem morar no interior. Comecei a viajar na história delas. Meu pânico tinha ido para o diabo. Estava, literalmente nas nuvens, já me imaginando deitado no divã delas, contando tudo-tudo-tudo.
Mas o meu psiquiatra me trazia de novo à Realidade panicada dos meus dias terrenos. E financeiramente, como está? Sempre me dá vontade de dizer que estou na pior, para uma certa compaixão dele na hora de deixar o pagamento. Acho que era Freud o assunto agora. Ou seria esquizofrenia?
Foi quando entrou na sacada, lá do lado de lá, que estava cada vez mais do lado de cá, a terceira. Outra irmã? De calcinha e sutiã? Estava. E o mais grave e estimulante: escovando os dentinhos. Não há nada que excite mais um homem do que uma mulher escovando os dentes, numa sacada, a 50 metros da Realidade, com o vento batendo nos seus cabelos loiros e aneladinhos. Como escovava bem os dentes, a menina! Ia fundo, girava nas laterais, de baixo para cima, em ovais nas gengivas. Exatamente como os dentistas mandam a gente escovar.
Foi quando ele sacou que eu não estava nem aí. Disse para ele o que eu estava vendo. Ele se levantou (o que me deu liberdade para me levantar também) e fomos ambos para a janela. Ele gostou. Gostou tanto que abriu um pouco mais a persiana para a gente ver melhor. Ele se amarrou mais na que mordiscava a banana e eu fiquei com as outras duas, embora não tirasse o olho da que escovava os dentes.
Lembrei-me de um sabonete de muito antigamente (no psiquiatra a gente lembra tudo!) chamado As Três Moças do Sabonete Araxá, acho. Na embalagem, o desenho de três lindas meninas. Aquelas mesmas que estavam ali, na nossa frente, preparando-se para enfrentar o dia-a-dia, o pânico-a-pânico. Não sei se foi o Drummond ou o Bandeira quem fez uma poesia para as meninas do Araxá. Mas alguém fez.
Deixamos o meu pânico para lá e tecemos comentários sobre a anatomia de cada uma. A visão feminina de um psiquiatra deve ser considerada sempre, nessas horas. Elas riam, estavam felizes. Nós dois também. O tempo da "consulta", infelizmente, acabou.
— Você está ótimo!, disse-me ele.
— Você também!, disse eu, vendo a persiana se fechar.
Paguei (com prazer) e perguntei:
— Posso voltar amanhã?
— Claro. Vem nessa hora. Elas sempre acordam a essa hora.